Quem se importa? Quem escuta? Quem lê?

domingo, 9 de março de 2008

Este País não é Para Velhos


Baseado no romance Cormac McCarthy, autor de All The Pretty Horses (livro adaptado para o cinema por Billy Bob Thornton com o titulo Espírito Selvagem, 2000), os irmãos Joel e Ethan Cohen lançaram-se na escrita do argumento, adaptando-o com fidelidade, inclusivamente as cenas de acção que são já bem detalhadas no livro.
Foi o grande vencedor dos Óscares deste ano, tendo levado para casa os prémios de Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Argumento Adaptado e Melhor Actor Secundário.
Rotulado de Western urbano, No Country for Old Men passa-se na década de 80.
Quando Llewelyn Moss (Josh Brolin), um caçador, se depara com o cenário de vários cadáveres, um carregamento de heroína e uma mala com 2 milhões de dólares, apodera-se rapidamente da quantia aliciado pela possibilidade de enriquecer facilmente. Contudo o seu acto desencadeia uma série de crimes violentos causados por Anton Chigurh (Javier Bardem) um inteligente e manipulador assassino, contratado para recuperar o conteúdo da mala. Este revela-se a reencarnação do mal, capaz de brincar ao cara e coroa para decidir o futuro das suas vítimas.
A violência esta presente em quase todo o filme, a frieza com que se desencadeiam os acontecimentos e a velocidade é realmente estonteante.
O único que parece impressionado é o xerife Bell, interpretado por Tommy Lee Jones, a personagem que está ausente e simultaneamente presente no drama, procurando recompor a paz, inclusive a do seu espírito.
É um jogo de apanhar ou ser apanhado, uma caçada humana que parece interminável. E a exposição de sentimentos banais do homem comum, como a cobiça, vingança, o orgulho enfim… em que o risco não compensa. Mantém o suspense e a trama é felizmente imprevisível, apesar de nunca acontecerem grandes reviravoltas.
Destaca-se os diálogos bem conseguídos, que parecem suportar em si mesmos uma atmosfera pesada, todo o clima dramático da história. E a personagem que valeu a Bardem óscar deste ano de melhor actor secundário, mas que se distancia e muito das suas reais capacidades, do tipo de papeis impressionantes pelos quais nos presenteou no passado (Before Night Falls e Mar adentro). Esta personagem não impressiona, é o estereótipo de assassino impiedoso e inexpressivo, que solta uma ou outra palavra cautelosamente pensada para impressionar as vítimas.
De resto recorda-se o título do filme, que remete a um país carregado de violência, onde os fracos/velhos não conseguem viver. Onde o próprio título deixa uma mensagem moral, não de reconforto mas de pessimismo - e é como quem diz: Que se salvem os fortes (em todos os aspectos).

1 comentário:

MandragoraFreak disse...

depois de tanto que ouvi falar do filme a tua crítica é a coisa menos impressionada que me chegou... ainda tenho de o ver, estou cada vez mais curiosa.

;) clara