Quem se importa? Quem escuta? Quem lê?

sábado, 31 de janeiro de 2009

Do mestre



[Monster, de Naoki Urasawa (Volume 17 - I'm home)]

Mensagem


(A verdade sobre os anjos)

Como adultos nós sentimos as primeiras sensações. Como humanos fomos os únicos a senti-las verdadeiramente pela primeira vez. Como mulher foi a primeira vez que me olhei ao espelho, como homem foi a primeira vez que vis-te o mundo. Quem somos nós afinal? Porque "sonhamos" uma vida inteira com este momento e não conseguimos entender o que se passa aqui? Julgamos que viveríamos eternamente e de que apesar de não sabermos o que é o amor, nunca sentiríamos a sua falta. Estávamos errados! Nós não tinhamos como entender a verdadeira essência da felicidade. Esta reside nos pequenos gestos do Ser-se humano.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Hunger (2008)



Steve McQueen, artista plástico britânico (não confundir com o actor), encontra na história de um grupo de prisioneiros do estabelecimento prisional de Maze, a oportunidade de engressar pela primeira vez na realização. E de facto McQueen torna este Hunger (Fome), numa das mais emocionantes e dolorosas viagens cinematográficas dos últimos anos. Levando-nos a crer que esta não uma história vulgar, que esta não é uma realização qualquer, que estes actores sobretudo Michael Fassbender (no papel de Bobby Sands) dão o seu máximo para transformar Hunger num retrato inesquecível, num grito demasiado audível para nos ser indiferente.
É difícil não conseguir reagir a esta película que nos causa um constante desconforto mental, assim como algum enjoo (diga-se de passagem). Mas é exactamente na brutalidade e na crueza, que esta obra se desligue das suas demais contemporâneas.
Sabemos bem que já inúmeros filmes foram feitos acerca das cadeias, do quotidiano dos seus prisioneiros e da penosa realidade que estes enfrentam, mas é na forma como McQueen filma que se encontra a sua singulariade.



Inicialmente conhecemos Ray Lohan (Stuart Graham) um guarda, do já referido estabelecimento prisional. O rosto apagado e sua quietude parecem ser reflexo de uma mente transtornada pelo dia a dia, daquilo que vimos a conhecer - ser Maze. Um homem que se faz seguir pelos fantasmas e que, ainda sem se dar conta se divide em duas personalidades - do marido, filho, homem pacato de família, ao guarda violento que exerce a sua profissão. Pouco depois acompanhamos a entrada de Davey (Brian Milligan), o novo recluso, que logo se opõe à utilização da farda (própria para os presos). No entanto, este acaba por receber o mesmo tratamento dos outros prisioneiros e tal como os tais, pouco ao nada pode fazer. Na entrada na cela ele conhece Gerry (Liam McMahon) que leva a cabo o chamado "protesto da sujidade" ("Blanket and No-Wash Protest"). Mas, é apenas num já avançado tempo de filme, que conhecemos a personagem que encarna o seu expoente máximo, estou a falar, claro - de Bobby Sands. É numa ambiência de selvajaria extrema, de persistência e perturbação que nos surge o corpo agitado de Sands (mais à frente vimos também conhecer uma outra agitação do protagonista e, desta vez o corpo é só um meio para alcançar um fim que a mente exige).


Bobby Sands era um activista da IRA (Irish Republican Army), que com apenas 27 anos foi condenado a 14 anos de prisão pelo crime de posse de armas. Em 1981 dá inicio a uma greve de fome que tem como objectivo o melhoramento as condições dos prisioneiros políticos (do seu estatuto e direito).

Hunger
perpetua um silêncio, um silêncio emocional. De uma banda sonora, que ainda que existente quase não seja perceptível, McQueen acaba por extrair do "silêncio" a chave da magnificência da sua obra. É apartir de planos de detalhados de pormenor e força dramática, foque e desfoque, de uma montagem tanto ritmada - composta por curtos planos; quanto lenta - composta por planos longos, que o autor encontra o seu traço identitário. Com a excepção de um take único de cerca de 20 minutos, sem cortes, nem mudança de planos, onde acontece uma conversa entre Bobby Sands e um padre católico (Liam Cunningham). Nesse diálogo, de entre muitos outras coisas que ambos falam, Sands expõe ao padre as razões pelas quais esta determinado a levar a cabo uma greve de fome ("Hunger Strike"). Cada um é movido pelos seus ideais - em que para o padre a greve de fome é tida como o próprio suicídio, enquanto que para Sands - uma arma, que tem a força de um grito capaz de derrubar os mais fortes alicerces da instituição penal. Ele que está decidido a sacrificar o corpo em nome de uma causa maior do que a sua própria existência. É após o final desta conversa acompanhamos o homem, Bobby Sands, na sua viagem solitária sem regresso. Com alucinações, um penoso sofrimento, mas com mente sã que nunca desvia o olhar do seu principal objectivo.
Uma obra que tem tanto de singela quanto de amadurecida - em que Steve McQueen se revela mais do que capaz de adoptar uma pura visão da realidade, que apenas o cinema europeu no seu melhor nos pode dar. Fazendo-se também acompanhar por uma equipa de extraordinários actores, entre os quais se destaca Stuart Graham (o guarda) e a já referida visceral interpretação de Michael Fassbender (Bobby Sands).
Com toda a certeza um filme para contemplar, dos poucos do género (felizmente) que se fazem hoje em dia. Hunger será para guardar carinhosamente na memória.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Friedrich Nietzsche - A Mulher


"A mulher foi o segundo erro de Deus."


"Na vingança e no amor a mulher é mais bárbara do que o homem."

"Tudo na mulher é adivinha e tudo nela tem uma única solução e essa é a gravidez."

"Onde amor e ódio não concorrem ao jogo, o jogo da mulher torna-se medíocre."

"Comparando no seu conjunto homem e mulher pode dizer-se: a mulher não teria engenho para se enfeitar se não tivesse o instinto do papel «secundário» que desempenha."

"Para a mulher, o homem é um meio: o objectivo é sempre o filho."

"As próprias mulheres, no fundo de toda a sua vaidade pessoal, têm sempre um desprezo impessoal - pela mulher."

*É por estas e por outras que eu não gosto de ser mulher. Na verdade também tenho algumas boas razões para gostar de sê-lo, uma delas é poder amar o homem como uma mulher.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O amor fatal




[Heaven, 2002, de Tom Tykwer]

- O Paraíso -
Phillippa (Cate Blanchett) é uma professora de Inglês, a viver em Turim, que pretende vingar a morte do marido. Para isso ela planeia matar um homem, colocando uma bomba feita por si no seu escritório. Mas nada corre como planeado e quatro inocentes, entre eles duas crianças, morrem. Phillippa é rapidamente capturada pela polícia local e colocada sob interrogatório. Entre os policias esta um jovem italiano, (Giovanni Ribis), que para além de acreditar piamente na história da detida, ainda desenvolve uma paixão secreta por ela. Paixão que o levará a abandonar a carreira e a vida que teve até então.
Heaven é baseado na inacabada trilogia Heaven, Hell and Purgatory escrita por Krzysztof Kieslowski.
Do mesmo realizador de Lola rennt (Corre Lola Corre) e mais recentemente Perfume: The story of a murderer (O Perfume).


[Gegen die Wand, 2004, de Fatih Akin]

- Head On -
Sibel (sibel kekilli) encontra finalmente o homem que desejava, ele não é propriamente um modelo de marido, mas tem o único requisito que ela procurava: é Turco. Cahit (birol ünel) apesar de se manter relutante inicialmente, acaba por ceder, casando com a Sibel. Apesar de se tratar de um casamento arranjado por ambos, sem amor, nem qualquer tipo de cumplicidade, de uma relação que parece estar condenada a dois corpos que coabitam no mesmo espaço como amigos ou até mesmo como irmãos, Head On acaba por contar uma invulgar história de amor, cujo destino agridoce se encaminha para a distância física, mas para a união espiritual, numa das mais deslumbrantes e adversas viagens sobre o amor.
Do mesmo realizador do admirável
" Auf der anderen Seite"(Do Outro Lado).


[Krótki Film o Milosci, 1988, de Krzysztof Kieslowski]

- Não Amarás -
Tomek (Olaf Lubaszenko) é um jovem de 19 anos Polaco que desenvolve uma obcessão pela vizinha, Magda (Grazyna Szapolowska), que observa todas as noites apartir de uma luneta, da janela do seu quarto. A mulher mais velha, madura, com uma vida sexual activa, acaba por suscitar cada vez mais a atenção do jovem, que ainda que tímido tenta alguma oproximação - desde enviar avisos falsos da agência de correios onde trabalha, passando por fazer entregas de leite na sua zona, até tentar estabelecer algum contacto visual ou diálogo. Mas, é quando finalmente consegue chamar atenção que as coisas tomam porporções inimagináveis...
Este é o capítulo seis da série Decálogo do realizador Polaco, que consiste numa versão comtemporânea dos mandamentos bíblicos. Não Amarás é um retrato ímpar, de um dos mais importantes realizadores europeus do século passado.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

"Ninguém é perfeito para sempre"

O Tempo Segundo David Fincher



Ninguém tem tal controlo do tempo, um tal controlo das imagens e da sua poética. Ninguém encarna tão realisticamente o pavor da vida e o pavor da morte. O tempo que se reveste de todos os seus habituais fenómenos. Para o extermínio do tempo, apenas há uma solução: a morte.

Talvez: os melhores do 2008

Depois de em 2008 ter exposto tão tardiamente as minhas preferências cinematográficas referentes ao ano anterior. Agora e definitivamente trago os filmes de que mais gostei em 2008.

O silêncio



[Wings of Desire - de Wim Wenders (1987)]

"And stay all night with me
/ You won't find a girl in this damn world / That will compare with me"

Henry Lee
Nick Cave & P.J Harvey

Há coisas que nos matam... E numa altura em que deveria estar a contaminar um pedaço de papel com o meu modesto comentário acerca do último filme do Fincher ou, simplesmente a correr até à sala de cinema para assistir ao "Changeling" (de Clint Eastwood), estou aqui para falar - sei lá do quê. Após um longo tempo a recear não ter o que escrever, após uma noite mal dormida, e uma má disposição matinal, após um "parar para pensar" (sem resultado algum). Após umas entrelinhas acerca da vida dos anjos e a sua assexualidade, após um terrível silêncio - (reparo) que tudo começará de novo...
Tomara que a noite tivesse corrido bem, que tivesse dormido e talvez tido um sonho feliz (ainda que frustrante), que não tivesse ficado indisposta, que tivesse fumado um cigarro e não tivesse "parado para pensar". Tomara que conseguísse ignorar a sexualidade dos anjos ou conseguísse escrever algo interessante. Tomara que usufruísse de uma boa leitura e deixa-se de perder tanto tempo comigo e com os "meus assuntos", ou dito de outra forma: deixa-se de perder demasiado tempo com as "minhas paixões". Tomara que deixa-se de ter tanta esperança e abandonasse as causas perdidas. Mas tomara, sobretudo que aquele silêncio nunca tivesse acontecido.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Bela como sempre...


[Cate Blanchett - Daisy]

No ano em que comemora 40 anos de idade, estreia em Portugal "The Curious Case of Benjamin Button."
Com toda a certeza mais uma interpretção memorável, daquela que é e será sempre a minha actriz favorita.